Como era antigamente - Sábado de Aleluia

Como era antigamente - Sábado de Aleluia

Como era antigamente

Sábado de Aleluia

Os meninos com as matracas tinham, mais uma vez, muito trabalho nesse dia e iam de casa em casa para buscar a paga pelo seu empenho: »Gente, gente, chegamos no tempo da Páscoa, dai-nos ovos, dai-nos dinheiro, dai-nos tudo o que quiserdes, mas sem flagelos, eles doem.« Esses meninos eram, então, recompensados com ovos, ovos de Páscoa e dinheiro. O »som das matracas« chegava ao fim. No sentido figurado, os sinos voltavam de Roma. Ouvia-se de longe o belo e puro repicar dos sinos. As crianças exclamavam: »Os sinos voltaram!«

No fim da tarde, a vila reunia-se na igreja para a festa da ressurreição, com a consagração do fogo da Páscoa e da água do batismo. As pessoas acompanhavam, depois, a procissão da ressurreição, solene e comovente, pois nas janelas das casas eram colocadas velas acesas diante de imagens de santos. Depois da igreja, ia-se imediatamente para casa, a Quaresma havia chegado ao fim e o chefe de família anunciava com voz alegre: »Aleluia, acabou! Mãe, traz o pernil!« A dona da casa não esperava duas vezes e corria para servir o presunto com raiz-forte, pão e ovos cozidos.

Em algumas vilas, havia também o costume entre os jovens de espalhar casca de cereais na noite de Páscoa. Jakob Oster, da Batchka, que se estabeleceu em Entre Rios no mês de fevereiro de 1952, recorda em uma entrevista no Museu Histórico em 1992:

Os meninos na idade de 16 anos começavam a fazer as vezes de rapazes crescidos. As meninas tinham entre 14 e 15 anos; e lá, como no mundo todo, um menino e uma menina acabavam se agradando um ao outro. Quem tinha uma menina assim em vista, espalhava palha e casca de cereais diante de sua casa. Era um sinal de afeição. Os rapazes não podiam ser pegos espalhando as cascas, nem o cachorro podia latir, tudo tinha que ser feito em silêncio total. O rapaz que gostasse de uma menina, colocava também na fresta da porta um pequeno ramalhete de flores. Quando vinha uma patrulha, a fim de não serem vistos, os rapazes tinham que se esconder rapidamente em uma vala. Quando uma moça não queria seu pretendente, ela fazia um ou dois traços de tinta na base da casa. As moças tinham que se levantar cedo para varrer a rua, antes que os fiéis viessem em direção à igreja. Senão poderiam passar a vergonha de serem tidas como preguiçosas.

Foto: As moças varrem as cascas de arroz, 2011 em Entre Rios

Fonte: A História de Entre Rios

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