Durante o Advento, os Suábios do Danúbio frequentavam, nas regiões católicas, a “Missa Rorate” ou “Missa Arati”, uma missa votiva celebrada pouco antes do amanhecer, em que jovens e velhos entoavam cantos do Advento. Era também o tempo de incentivar nas crianças o hábito da oração; a avó, em um ambiente bem acolhedor, lia, em seu livro de lendas, histórias sobre o Menino Jesus e o Pelznickel, um personagem mascarado. As crianças ajudavam também a mãe na preparação para assar os biscoitos de Natal e, assim, aos poucos aproximava-se a festa mais contemplativa do ano.
Como as coníferas eram árvores raras e caras, usavam-se na época os galhos de pinheiro ou abrunheiro como árvores de natal. A mãe enfeitava a árvore com maçãs, nozes douradas e outros paramentos natalinos. A véspera de Natal era, antes, um dia de jejum e uma das refeições festivas era o Fischpaprikasch, uma espécie de sopa à base de peixe e páprica. Logo ouvia-se o som de um sininho e uma voz perguntava do lado de fora: “O Menino Jesus pode entrar?”. “Sim, por favor, entra”, respondiam os pais. Dizendo “Louvado seja Jesus Cristo”, o Menino Jesus, vestido de branco, entrava na casa. Todas respondiam à saudação com: “Para todo o sempre, amém!”. De joelhos, as crianças rezavam o Pai Nosso e recitavam seus versinhos: “Doce Menino Jesus, por ti muito tempo esperei. Dá-me maçãs e nozes e a meu pai e minha mãe honrarei”. Então, o Menino Jesus esvaziava seu avental branco, despejando maçãs, nozes, figos, laranjas e, por vezes, também brinquedos.
Nessa noite, a família ficava geralmente acordada para ir, reunida, à missa da meia-noite, na qual entoavam-se as belas cantigas de Natal. De novo em casa, a mãe fechava as venezianas, dizendo que conseguiu ver nitidamente o Menino Jesus subindo pela escada celestial de volta ao céu. Os adultos ainda ficavam um pouco assentados e era costume comer, para trazer sorte, um prato chamado Sulz, uma gelatina de carne.
Com o passar dos tempos, surgiram também várias encenações envolvendo presépios vivos, o Menino Jesus, pastores e os Três Reis Magos.
No dia de Natal, a família ia reunida à missa e, à tarde, as crianças visitavam os padrinhos para buscar seu presente. No segundo dia de Natal, dia 26 de dezembro, celebrava-se, ao mesmo tempo, o dia de Santo Estêvão e era costume desejar a todos com o nome de Estêvão tudo de melhor, dizendo: “Hoje à noite um sininho tocar escutei, não sei o que significa; hoje deve ser dia de Santo Estêvão, finalmente me lembrei”.
No dia 27 de dezembro, dia de São João Evangelista, era consagrado o vinho na igreja. Nos bares, bebia-se à bênção de São João e os jovens se aprontavam para a cavalgada de São João.
No dia 28 de dezembro comemorava-se o Dia dos Santos Inocentes. Com uma vara nas mãos, as crianças davam leves varadas umas nas outras, recitando: “Fresco e saudável, o Ano Novo chega”.
Foto: Uma festa de Natal no jardim de infância em Erdevik, Sírmia, no ano de 1943